domingo, 30 de setembro de 2012

Jogatina



O apóstata apostador,
Ganha a sorte
De apostar com fé
Em uma dupla via.
E assim se desvia
Como toda a prole
Sem esperança...
Sinais da falta
Dos tempos de bonança,
Que em verdade
Não era tempo,
Era um instante eternizado
Decorrente de um momento...
Sem olhar para traz.
Mas hoje olhamos,
E como uma estatueta salgada
Cristalizamos,
Por entre as perdas e os ganhos,
O bem e o mal
Ou qualquer diabo dual...
Obumbrado por oitocentos paus.


  (Catarse metanóica)

Nada além de túmulo



 Alguns me perguntam
Onde pretendo chegar,
Mas aqui no mundo
Além do túmulo
Se chega em algum lugar?
Pois o que vejo sempre reinar aqui
É a insatisfação,
Que impulsiona o homem
Para uma extraviada direção.
E tudo não passa
De pobreza, vaidade e orgulho,
Na frígida e pérfida paródia
Da prisão sem muro.

  (Catarse metanóica)

Caos e efeito



É certo que nada sabemos,
Enquanto no incerto tudo queremos.
Sensorialmente sendo movidos
Por fenômenos efeitos
Efetivamente ativos.
Estamos assim, aquém
Para o além da causa,
Que como “causa”,
É o efeito primeiro do caos.
E o que seria causa e efeito?
Natural forma natural?
Pois é assim que vemos
E criamos universos fenomênicos,
Com suas dores, lágrimas, rumores,
Tristezas, silhuetas...
Sombras do real.

  (Catarse metanóica)

Faces da humanidade



Arrancai os véus
Do desumano
E encarai de frente
A humanidade.
Lança nas chamas
A hipocrisia
Envolta de amor,
Complacência e amizade.
E não se assuste,
Pois verás de fato a realidade!
Em macabras faces diabólicas,
Sisudas de ódio,
Tísicas de rancor...
Caras, carrancas,
Macambúzias de dor.


  (Catarse metanóica)

Constatação



Os seios que alimenta,
A mão que sustenta,
Os olhos que choram seus mortos.
A vida cansada,
As pedras na estrada,
Os ditames do ódio e do ócio.
Um riso sem graça,
Um choro sem lágrimas
E a esperança
De um novo existir.
Um saber natural
De um mundo anormal
Onde tudo é prisão e nadir.

  (Catarse metanóica)