quinta-feira, 31 de maio de 2012

Eu centralizado


É visível que todos
Estão afundando,
E isso por conta
Da nossa vontade.
E nos limítrofes
Do eu centralizado
Já não conseguem
Encontrar o baluarte...
E seguem sequazes
Sem guia e sem vigia,
Mergulhados em nostalgia,
Atrelados em Authades*

*Authades, potestade das regiões do mar morto,
seduz Pistis Sophia com falsa luz e fá-la cair nas águas do Caos.
Submersa num tempo de tormentas, ela profere seus cânticos de arrependimento

(Catarse Metanoica)

A vida é bela


No mundo
Não vemos o Amor
E no coração
Da humanidade
O ódio impera.
O homem é um ser
Assassino
E a grande maioria
Vegeta na miséria.
E mesmo com esse
Triste hino ainda
Há quem me diga
Que essa vida
É bela.

(Catarse Metanoica)

Senso comum


A consciência esbarrou-se
Nos hábitos arraigados
Ultrajados de lama,
Onde a alma é profana
E mais nada reclama,
Pois só contempla
E de bem longe
O puro desejo do Um.
E corre desesperadamente
No pique, a pique profundo
Do senso comum.

(Catarse Metanoica)

“Uma boa piada”


Andar do norte ao sul
O tempo todo
Em desmedida,
Sonhar e realizar
Sem satisfazer-se
Com a missão cumprida.
Compreender
Que o efêmero saber
Vai parar no túmulo
E não tem saída...
Ó, não parem de rir
Esta é a melhor
Piada da vida.

(Catarse Metanoica)

O garfo e as navalhas


A humanidade
É como o garfo de Hume*
Espetando a si mesma,
No fatídico e louco
Impulso de atrelar-se
Às migalhas.
E como quimeras
De pedras
Afundam-se
No torpe desejo...
De romper com
As próprias veias
Em Ockan**
Com as navalhas.




*Alusão ao pensamento do filósofo escocês David Hume, que espetava as ideias que o mesmo considerava como disparates.  
** Guilherme de Ockham (filósofo do século XIV). "Se em tudo o mais forem idênticas as várias explicações de um fenómeno, a mais simples é a melhor", ou seja, passava a navalha  em uma análise que considerasse insignificante.


(Catarse Metanoica)

A máscara de ferro


Ai! Como doem
As minhas mãos
E os meus pés...
Espere só mais
Um instante
Que eu buscarei
Os meus martelos.
E com granadas
Em palavras
Causarei explosões
Em todas as colunas
Do seu inferno
E jamais descansarei
Enquanto
Não arrancar-te
A tua máscara
De ferro.

(Catarse Metanoica)